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of 01 /OUTRAS IMAGENS DE SERIGY: PROLIFERAÇÃO E DESMONTAGEM DE ARQUIVOS
Coordenadora: Marina Cavalcante Vieira (Doutora em Ciências Sociais PPCIS-UERJ; Pesquisadora de Pós-Doutorado PPGA-UFS; Coletivo PEIA)
Ministrantes: Mirella Souza (Bacharel em História, UFS; Graduanda em Artes Visuais, UFS; Coletivo na Cola Delas); Layla Bomfim (Mestranda em Antropologia PPGA-UFS; Coletivo PEIA) e Isla Gristelli (Mestranda em Antropologia PPGA-UFS; Coletivo PEIA)
Sessões: 02
Duração: 4h
A oficina aproxima práticas de desenho, colagem e intervenção na imagem como forma de produção de outras imagens de Serigy. A partir de um arquivo que mapeia desde as imagens coloniais e românticas de indígenas em Sergipe, até imagens contemporâneas produzidas por artistas indígenas e não indígenas, a oficina se apresenta como uma ferramenta experimental e crítica sobre as imagens, voltada para a valorização do processo do “pensar com imagens” (Didi-Huberman, 2018), independente dos produtos e resultados alcançados.
Inspirada nas experiências de oficinas com desenho e colagem desenvolvidas na disciplina de Antropologia Visual, ministrada no PPGA durante o primeiro semestre de 2025, a oficina parte da compreensão das imagens como múltiplos, como objetos-fragmentos, imbuídas de sua própria linguagem e ambiguidades, que devem ser lidas tanto em suas construções e intenções de sentido, como tomadas em sua polissemia (Vieira; De Menezes Lopes, 2023).
Dividida em dois momentos principais, a saber, diálogo e criação, a oficina articula reflexões sobre a Antropologia Visual, desde sua antiga estética da não-mediação até as atuais abordagens multimodais e expandidas (Alvarez; Athias; Rivera, 2023; Scheneider, 2021) aliadas a práticas de intervenção em arquivos. Essa articulação está estruturada em uma primeira sessão de discussão teórica sobre as imagens indígenas e suas apropriações, e uma segunda sessão de experimentos práticos.
Reivindicamos outras imagens de Serigy, com suas inserções contemporâneas e futuristas. Mais do que um manifesto estético, essas novas imagens confrontam estereótipos do passado e inserem uma abertura no jogo político do presente. Assim, o movimento proposto alinha-se à provocação da Semana de Antropologia em exercitar olhares insurgentes, ao mesmo tempo em que atualiza, de forma sensível, a trilha aberta por Beatriz Gois Dantas (2002), cuja análise das representações de indígenas em Sergipe no século XIX iniciou uma reflexão importante sobre essas imagens e seus efeitos de sentido na cultura sergipana. A oficina, portanto, amplia esse gesto em diálogo com os debates contemporâneos, constituindo-se como um exercício de fabulação de antropologias proliferantes.
of 02/
Corporeidades insurgentes: o corpo como agência, resistência e criação
Coordenadora e Ministrante: Paula Barreto Amado (Doutoranda em Antropologia do ISCTE-IUL)
Número de sessões: 2
Duração total: 4h
O mini-curso “Corporeidades insurgentes” propõe uma reflexão antropológica e sensível sobre o corpo como território de saber, resistência e criação. Partindo de uma perspectiva fenomenológica e da antropologia do corpo, articulam-se as contribuições de Thomas Csordas, Silvia Citro, David Le’Breton, Richard Sennett e Judith Hamera como caminhos para compreender o corpo não como objeto, mas como lugar de agência e produção de sentido em inúmeras camadas e natureza de uma pesquisa. A partir da ideia de embodiment (Csordas), das corporeidades situadas (Citro) e da performance como prática de pensamento e mediação social (Hamera), o corpo é pensado como inscrição política e afetiva que habita as fronteiras entre tradição e contemporaneidade. Cada gesto, cada modo de ocupar o espaço e de habitar o mundo, é compreendido aqui como ato político, produtor de cultura e de corporeidade. O curso propõe formas críticas de reconhecer e refletir sobre como os corpos são produzidos — e também como resistem — nos campos simbólicos do poder, da subalternidade e da insurgência, compreender o corpo como potência de criação social, atravessado por gênero, raça, classe e ancestralidade. Trazendo experiências da Red de Investigación de y desde los Cuerpos, como um território epistemológico insurgente, onde pensar e sentir e trabalhar caminhos da produção etnográfica como gestos de transformação. Refletindo possibilidades do corpo/corporeidade como um arquivo vivo de experiências, afetos e resistências no campo da pesquisa antropológica.
of 03 / OFICINA DE ESCRITA ACADÊMICA: PLANEJAR, ESCREVER E REVISAR
Coordenador e Ministrante: Prof. Dr. Eder Claudio Malta Souza (DCS/UFS)
Número de sessões: 2
Duração total: 4h
A oficina propõe um percurso prático de aprimoramento da escrita acadêmica voltado a estudantes e pesquisadores da área de Antropologia e Ciências Sociais. Estruturada em duas sessões, a proposta articula planejamento, escrita e revisão como etapas complementares de um processo produtivo e reflexivo de produção científica. No primeiro módulo, são apresentadas estratégias de planejamento e estruturação de textos, abordando a definição da “big ideia”, da promessa argumentativa e da rota textual. O segundo módulo é prático. Nele é apresentado um método que combina foco e tempo reduzido para construção de textos coesos, explorando recursos como pomodoros, micropromessas e modelo de escrita que visa a simplicidade, atratividade, especificidade, executabilidade dos objetivos do texto e, principalmente, a contribuição autoral através de texto próprio, isto é, a autoralidade. A oficina busca desenvolver a autonomia e a confiança dos participantes na escrita de artigos, projetos e trabalhos de conclusão, promovendo uma cultura de escrita contínua e colaborativa no campo das ciências humanas.

of 04 / O CORPO “NEUTRO”: ESTRATÉGIAS E ABORDAGENS DO TRABALHO ANTROPOLÓGICO EM CAMPO
Coordenadora: Profa. Dra. Mônica Cristina Silva Santana (Xique-Xique/DCS/UFS)
Ministrantes: Clístenes Emanuel da Silva Costa (Mestrando/PPGA/UFS); Igor Tadeu Dias dos Santos (Mestrando/PPGA/UFS); Maria Clara Fontes de Oliveira (Mestrando/PPGA/UFS)
Número de sessões: 3
Duração total: 6h
Observando que as tensões, conflitos e práticas insubmissas estão presentes no campo, as sutilezas das formas que os corpos se configuram no contato com o antropólogo, demonstram as maneiras ao qual o corpo pode ser utilizado como um guia na inserção e construção de pontes, entre os interlocutores. Nas críticas sobre as relações verticalizadas historicamente do pesquisador com o outro, fez-se repensar os modos do fazer antropológico, especialmente no contexto da pós-modernidade, onde corpo do antropólogo não está posicionado na neutralidade, possuindo uma subjetividade e leitura social dadas nas relações construídas em campo. Assim, o objetivo desta oficina é discutir estratégias nas pesquisas antropológicas em campo, isto é, pensar abordagens a partir da leitura das relações entre os corpos dos antropólogos e interlocutores, pautando de uma relação dialógica que foge das tradições coloniais que tangenciam as relações de poder, tornando possível as produções de caminhos viáveis para interlocuções entre os sujeitos que compõem a pesquisa, assim, produzindo relações horizontais.
of 05/ DIREITA E ESQUERDA: ENTENDENDO A POLARIZAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA
Proponentes: Ludmilla Silva de Oliveira e Tiago Damasceno Ferreira
Número de sessões: 3
Duração total: 6h
O texto discute a polarização sociológica para além de questões programáticas, enraizada em estruturas sociais e culturais como distribuição de capital e luta por reconhecimento simbólico, que criam fronteiras duráveis e antagonismos percebidos como existenciais (Bourdieu). A transformação das mídias e redes sociais amplifica ecossistemas comunicacionais que reforçam narrativas polarizadoras (Castells). No Brasil, a polarização é moldada pela interação de fatores históricos (desigualdades regionais e sociais), conjunturais (crises econômicas e políticas) e tecnológicos (algoritmos e bolhas). Pesquisas indicam que a intensidade da polarização varia em diferentes indicadores, como voto, temas morais e repulsa afetiva. O objetivo de uma oficina sobre o tema é fornecer instrumentos conceituais (polarização ideológica, identitária, afetiva), apresentar evidências empíricas brasileiras e promover experiências práticas (debates, análise midiática, dinâmicas de diálogo). Busca-se estimular o reconhecimento das causas estruturais da polarização e o desenvolvimento de práticas de comunicação que reduzam a hostilidade intergrupal. O resultado esperado é a formação de capacidades críticas para distinguir o desacordo plural da hostilidade corrosiva, privilegiando o debate informado em uma democracia (Castells; Fuks).
of 06/ OS TERREIROS E O TRABALHO DE CAMPO: TROCAS ETNOGRÁFICAS
Coordenadoras: Ana Paula Mendes de Miranda (Doutora em Antropologia pela USP, docente do PPGA/UFF e PPGA/UFS) Bruna Russel (Mestre e doutoranda em Antropologia pela UFF)
Ministrantes: Leonardo Vieira Silva (Mestre e doutorando em Antropologia pela UFF), Mariana Maiara Soares Silva (Mestre e doutoranda em Antropologia pela UFF) e Sônia Oliveira dos Santos (Mestra em Políticas Sociais pela UNICSUL).
Número de sessões: 2
Duração total: 4h
Esta oficina tem como objetivo oferecer aos participantes instrumentos teórico-metodológicos para a realização de trabalhos de campo voltados ao estudo dos conflitos que afetam os modos de vida dos povos de terreiro. Tomando como base experiências empíricas acumuladas entre 2008 e 2025, em pesquisas desenvolvidas nas cinco regiões do Brasil, a proposta busca refletir sobre os desafios e aprendizagens que emergem do encontro entre pesquisadores e comunidades tradicionais. Serão discutidos temas como os caminhos de construção da interlocução, os erros e acertos no processo etnográfico, a produção de imagens, o trabalho de campo em equipe e o lugar do pesquisador nas relações de campo. As experiências e trocas compartilhadas entre pesquisadores e interlocutores serão compreendidas como parte de um processo de enredamento, no qual se articulam povos de terreiro, universidade, movimentos sociais, poder público e sociedade civil — evidenciando que o fazer etnográfico é também uma prática de diálogo, reciprocidade e compromisso ético.
oF 07/ “QUEREMOS SABER: SEGREDOS E TRUQUES DO TRABALHO DE CAMPO”
Coordenação: Ministrantes: Me. Amanda Beatriz Martins Silva (PPGS-UFS); Me. Brenda de Sousa Seixas (PPGS-UFS)
Número de sessões: 3
Duração total: 6h
Inspiradas pelo desejo de partilhar saberes e experiências, propomos a oficina “Queremos saber: segredos e truques do trabalho de campo”, voltada à troca horizontal entre pesquisadores sobre os bastidores da pesquisa antropológica. Em três encontros, convidamos os(as) participantes a trazerem seus aprendizados e “truques” do fazer etnográfico. O primeiro dia da oficina será dedicado a uma roda de conversa para a apresentação dos temas de pesquisas, expectativas, medos e descobertas. O segundo dia será voltado para o compartilhamento de segredos e estratégias de campo. Por fim, no terceiro dia, será desenvolvido a “roda de causos antropológicos”- relatos livres sobre experiências marcantes e reflexões sobre papel da sensibilidade, da inventividade e da escuta no trabalho de campo. Mais do que trocar anedotas, a oficina busca reconhecer e valorizar os saberes que se constroem na prática, aqueles que não cabem nos manuais metodológicos, mas que sustentam o fazer antropológico no cotidiano. Além disso, estimular a escuta mútua, o fortalecimento da comunidade acadêmica e a formação antropológica mais sensível e colaborativa.
of 08/ TEATRO DO OPRIMIDO COMO EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA E METODOLOGIA DE ENSINO EM CIÊNCIAS SOCIAIS: PRÁTICAS CORPORAIS E PERFORMATIVAS
Proponentes: Patricia Brunet Carvalho de Andrade; Tacyane Lima de Menezes
Número de sessões: 2
Duração total: 4
A oficina propõe uma vivência teórico-prática sobre o uso do Teatro do Oprimido, criado por Augusto Boal, como metodologia de ensino e como experiência etnográfica no campo da Antropologia da Educação. Parte-se da compreensão de que o corpo é um território de saber e resistência, e que as práticas performativas permitem revelar dinâmicas simbólicas, afetivas e políticas do cotidiano escolar. Inspirada na pedagogia crítica de Paulo Freire e na estética política de Boal, a proposta articula o ensino de Ciências Sociais à antropologia da performance e à etnografia escolar, concebendo o teatro como forma de conhecimento e linguagem antropológica. A oficina destina-se a professores, educadores em formação e pesquisadores interessados em metodologias que integrem arte, política e educação. Por meio das técnicas do Teatro Imagem, Teatro Fórum e Teatro Jornal, os participantes vivenciarão práticas corporais e dramatizações baseadas em situações reais de opressão, seguidas de reflexão coletiva sobre suas implicações sociais e pedagógicas. Pretende-se, assim, promover um espaço de criação e diálogo que estimule uma leitura crítica do mundo social e fortaleça a formação de educadores-pesquisadores sensíveis à proposta.
